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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Lendo dois em um

Dois em Um.

Tudo começa com conversa de pé-de-ouvido
O envolvimento com palavras
Descrevem melodias do momento
Os sentidos elaboram harmonia

Tudo passa pelo toque
Agradavelmente o escutar de música
Ressoa no batimento
O pensar se apaga
A verdade é que o ritmo é preenchido pelos órgãos

É se sentir de dama a mulher da vida
As sensações antagônicas
Se comparam a dor e encanto
É a profissional mais amada
Pelo prazer de ser usada.

É como trabalhar
E não desejar receber salário
Tudo é feito só por entrega
Realização humana e prazer de cumplicidade
Isso se torna recompensa.

É elevar-se às alturas...
E baixar-se às zonas
Baixas debaixo do leito
Poucos sabem fazer isso

Não se quer alarido
Não se quer carpir-se
Se muito, e se deve querer é, entrar em enlevo
Como se o parar fosse
O melhor a fim de não se morrer
Mas não é

Parecendo uma teoria
Que não se chega a uma conclusão
Onde as fórmulas
Não são capazes de estabelecer um padrão
Eles simplesmente surgem à medida da conferência

E isso tudo soa como poesia ao ouvido
Como a música que ressoa
E aquieta a alma
No turbilhão de percepção

Em versos de volúpia
Estrofe de sedução
Soneto de prazer

Não se quer comer
Não se é alimento
Trata-se de possuir
E sim, ter para sim
Com posse, objetivando entrega

Num sobranceiro de saciez inexplicável
Como nobre da corte
Que grande fartura tem à mesa
Mas se entrega as delícias

Pressentindo que acabarão
E a ânsia de prazer
Motiva a não parar de comer
E tanto que devora
Sem pensar em nada
A não ser em devorar
E saciar a fome

Assim é o que se quer
Quer-se olhar no olhar
No momento de exuberância das emoções
E ouvi a linguagem do olhar
Que diz que não está a comer
Com o exterior
E sim com o interior

É estar a engranzar desejos
E é isso que sacia
Contenta-se com a abastança
Em saber se é plena em si sem comparações

Quer jubilar de contentamento
Porque percebeu que tudo é de mais maravilhoso
Por isso entrega
Dar-se-lhe por completo

A fim de que torne
No objeto de encanto
Que mais queira
E se permite

Sim

Uma entrega a dois...
Dois em um
Assim que tem que ser
Como o tocador e o instrumento, música
O poeta, a tinta e o papel, poesia

Isso se faz necessário
Quando se pensa em amar

2 comentários:

  1. É como trabalhar
    E não desejar receber salário
    Tudo é feito só por entrega
    Realização humana e prazer de cumplicidade
    Isso se torna recompensa.

    Amei a comparação. Percebi que o verdadeiro amor nos traz o prazer e a satisfação de se entregar por inteiro à pessoa amada, trazendo-nos a certeza que a recompensa será a delícia de viver a vida intensamente.

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  2. Belo texto. Cumplicidade, entrega. Percebo a efemeridade se contrapondo ao seu antonimo,pois faz de momentos,fotografias na alma,na lembrança; (lembrança de dois) Não se apaga,gruda, fica.Torna-se não apenas música, mas a junção de belas melodias que se transformarão em uma única, tocante e verdadeira sinfonia.
    Me fez refletir...Obrigada.

    Parabéns.

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